Sobre o post Encarando a Matilha, o blogueiro paraense-acreano Marky Brito faz considerações:
Nunca entendi o que é um “sem-tora”. É um madeireiro sem floresta? É um grupo de paus-mandados de madeireiros? É tudo isso misturado?
Por lei é proibido invadir áreas sob manejo florestal, ainda mais se estiverem em áreas de reserva legal, onde só é permitido fazer exploração através do manejo. Todas essas áreas são averbadas em cartório para o uso restrito através da exploração florestal, madeireira e não-madeireira. Portanto, é crime retirar uma folha sequer de uma área de manejo florestal sem a devida autorização.
De novo, esta é uma situação que mostra claramente o despreparo e falta de sintonia do poder público no trato com o setor florestal paraense. Pois, a não ser por alguns heróis e malucos, não há gente e nem estrutura suficiente para monitorar de forma eficaz essas áreas. Além disso, infelizmente o Pará, assim como o resto dos estados amazônicos, não tem uma cultura florestal. Não, eu não fiquei maluco. A não ser pela comida e alguns costumes, não aprendemos nada de cultura florestal com os índios e ribeirinhos. Não há respeito algum pela floresta ou pela gente que mora nela. São reles entraves para o progresso.
Que me desculpem alguns xenófobos e nacionalistas leitores do “Máfia Verde”, mas países como o Canadá e Finlândia tem uma cultura fortemente enraizada na floresta, sua economia e meio de vida são florestais. No Canadá os vaqueiros são considerados gente fraca, pois a gente forte está no meio da floresta manejando. E no Pará, qual é a imagem de quem vive e cuida da floresta? Malucos, o coitadinho é índio, ribeirinho, madeireiro bandido.
A Finlândia comprou mais da metade do país dos russos, pois os finlandeses são índios que vivem da floresta. Eles pagaram a compra trabalhando na floresta e inventaram um troço chamado celular para se comunicar no meio do mato (se não me engano o nome da empresa que o inventou é Nokia). Já aqui o nosso BASA adora uma fazendona, um frigorífico, uma caninha, mas corre do manejo florestal, pois é muito arriscado esperar trinta anos para se ter uma nova colheita de madeira. Então vamos dar boi pra todo mundo.
Para nós a floresta é linda de longe, como paisagem de cartão postal. Mas só agüenta viver mesmo da floresta quem é índio, ribeirinho/colono ou madeireiro (que nem mora na sua “fazenda florestal”, mas vive dela). O resto quer ou só pode viver na e da cidade ou nas fazendas/fazendolas, como nossos conterrâneos do sul e sudeste do país. Hoje o modelo de gente amazônica ou é urbana ou agro-alguma-coisa. Quem mora “no interior” é atrasado.
É difícil viver na floresta amazônica, ela é muito mais agressiva que as florestas canadenses e finlandesas. Além disso, o poder público em quase nada ajuda e quando tenta, realizando, por exemplo, as concessões florestais, é acusado de privatizar a floresta que estava nas mãos de grileiros e outros seres infernais.
É crime retirar madeira de áreas de manejo. É crime devorar a floresta nativa para fazer carvão (loucos! Diriam os canadenses e índios finlandeses). Mas, quem se importa? Quem é o político paraense maluco de tomar o setor florestal como estratégico para o futuro do estado? Você consegue imaginar a região do baixo amazonas igualzinha a região do Rio Vermelho?
Cris Moreno
10 de outubro de 2007 - 03:13“países”.
Obrigada, Hiroshi.
Bom dia.
Cris Moreno
10 de outubro de 2007 - 01:02Marky, fui na sua sugestão de link. Tem tudo e algo mais.
Veja a sua pergunta: “diminuindo a possibilidade de corrupção?”
As nove ONGs que desenvolveram o pacto Desmatamento Zero são Instituto Socioambiental, Greenpeace, Instituto Centro de Vida, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, The Nature Conservancy, Conservação Internacional, Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, Imazon e WWF-Brasil.
Em Bariloche, na Argentina, foi realizado recentemente o II Congresso Latino-americano de Parques Nacionais e Outras Áreas Protegidas. Foram feitas críticas ao modelo de desenvolvimento por ser insustentável, por cientistas, ambientalistas, indígenas e funcionários de áreas protegidas. O que ficou claro e óbvio é que “as áreas protegidas são espaços estratégicos” para os países, “indispensáveis” para seu desenvolvimento e o bem-estar de seus povos(matéria local).
Em entrevista, o mexicano Enkerlin Heflich, coordenador latino-americano da Redparques declarou que “foi referendada uma visão humanista e pragmática da conservação, que reconhece que em muitas áreas protegidas os habitantes são parte da equação e é preciso trabalhar com eles…. …também superamos a idéia de que apenas o Estado administra os parques, e entendeu-se que o Estado tutela e aglutina um setor mais amplo”, que inclui a sociedade civil. De todo modo, admitiu que “será um desafio para a próxima década” conseguir que a preservação das zonas sob proteção seja política dos governos.
O que está em debate é que precisamos de gente fora ? Não temos profissionais capazes?
O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Rezende de Azevedo, declarou em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA):
“O maior limitante é a restrição de pessoal e como não pudemos realizar concurso até agora, temos que trabalhar com pessoas requisitadas de outros órgãos da administração federal, mas não requisitamos do Ibama, nem do Incra, nem do Instituto Chico Mendes para não enfraquecer esses órgãos”, sobre o sistema eletrônico que é utilizado pelo Ibama para detectar fraudes e emissões irregulares de autorização para a exploração florestal..
Veja…não é o x da questão?
Nesse link sugerido, tem uma informação de oficinas sobre concessão de florestas por um francês renomado e vários doutores do país.
Ótimo. Aprimoramento. É outra questão.
Não vou me estender aqui. Vou levantar o assunto no meu blog. É muita pesquisa e fiquei interessada. Os exemplos que citou, dos dois país, vou pesquisar também.
Beijos.
Marky Brito
9 de outubro de 2007 - 12:55Cris,
Maomé… rsrs..
O governo vai tentar fazer a gestão das florestas públicas, com lei, decreto e um órgão específico para isso, o Serviço Florestal Brasileiro. Conheço há muitos anos o chefe e alguns cabeças do Serviço Florestal, e sei que nunca, mas nunca mesmo, eles iriam privatizar os recursos florestais. Leia a Lei de Florestas (www.sfb.gov.br) e veja para onde irão os recursos das concessões e a maneira que esta será feita.
É uma concessão diferente da que é feita aqui no Acre pelo governo estadual. O estado é pequeno, temos uma rodovia principal, por isso nós fazemos a gestão direta das florestas públicas, ou seja, somos os responsáveis pelo Plano de Manejo, pela exploração florestal e pela certificação. Seria impossível o governo federal fazer esse tipo de gestão das florestas pela burocracia (o “tempo” da exploração florestal é diferente do “tempo” da burocracia governamental), falta de pessoal e altos custos. Portanto, com a supervisão do governo, empresas e comunidades poderão explorar a floresta de forma legal e com repartição de benefícios, coisa que nunca vai acontecer na exploração ilegal de áreas devolutas (griladas).
Qual seria sua sugestão para o governo federal controlar, monitorar e gerar benefícios para a sociedade usando as florestas públicas, evitando a burocracia e diminuindo a possibilidade de corrupção?
Abração!
Cris Moreno
8 de outubro de 2007 - 07:41Oi Hiroshi…quanto tempo!
Já que Maomé…
Estou olhando aqui o comentário do Marky. Surpreendente!
“Além disso, o poder público em quase nada ajuda e quando tenta, realizando, por exemplo, as concessões florestais, é acusado de privatizar a floresta que estava nas mãos de grileiros e outros seres infernais”.
Meu Deus Marky, é essa a saída que você acha melhor para a nossa floresta?
Francamente!
Bjs.