Sofrendo pesada campanha para que não seja candidato à reeleição na Reitoria da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, o professor Francisco Ribeiro (à direita, na foto) concede entrevista ao blog falando de sua decisão.
A campanha para que Francisco não dispute a sua própria sucessão está sendo tocada por seguidores do ex-reitor Maurílio Monteiro, conforme o blogueiro constatou em conversas com professores e alunos da universidade, na última semana.
A narrativa dos opositores de Francisco Ribeiro é a de que ele não teria representativa para pleitear a disputa, já que fora nomeado para cargo depois de obter apenas 6% dos votos , na eleição de 2020 – onde o mais votado foi o ex-reitor Maurílio.
Naquele ano, o resultado da eleição foi o seguinte: Maurílio Monteiro, 84,4%; professor Fábio Ribeiro de Araújo, 8,7%; Francisco Ribeiro, 6,9%
Como se sabe, tradicionalmente, o reitor é escolhido pelo corpo de professores, alunos e funcionários da instituição, por meio de votação. Os três nomes mais votados, então, compõem uma lista tríplice encaminhada ao presidente da República.
O mais votado, em geral, costuma ter seu nome confirmado pelo presidente, para um mandato de quatro anos.
O então presidente Jair Bolsonaro preferiu nomear o menos votado.
Agora em 2024, haverá eleição para escolha do futuro reitor.
Depois de quase três anos da gestão de Francisco Ribeiro, o discurso de seus opositores se opõe dizendo que, por ter sido o menos votado na eleição e 2020, ele não teria “representativa” para a disputa.
Em verdade, um discurso contraditório e autoritário já que a Universidade, seja qual for, tem a obrigação histórica e conceitual de defender a plenitude democrática, permitir o amplo debate, prevalecer o contraditório..
Qualquer professor com doutorado tem o direito de disputar a cadeira de Reitoria, isto é lei federal.
Não cabe a ninguém dizer que este ou aquele professor não possui “representatividade” para buscar votos junto à sua comunidade acadêmica.
Mais ainda, na questão do atual Reitor, ele está capacitado, sim, a disponibilizar seu nome para avaliação já que está gerindo o dia a dia da Unifesspa.
Somente a comunidade acadêmica é quem tem autoridade, agora, para dizer se ele é ou não um bom dirigente da universidade.
A eleição, em verdade, tem o mérito de fazer essa medição, julgar se alguém foi ou não um bom executivo à frente da Reitoria.
A liderança de um dirigente universitário se mede pela capacidade na agregação de competências e formulação de um projeto para a academia.
A política é a estrutura essencial do sistema representativo. Uma crítica irrefletida aos seus processos quase sempre oculta convicções totalitárias ou revela uma total incompreensão dos valores democráticos.
Que fique bem claro: o erro está em partidarizar o contexto acadêmico e ignorar a sua verdadeira natureza.
Na universidade, ao contrário do que sucede no conjunto social, os liderados exercem um papel ativo. Eles não se limitam a seguir os passos de alguém, mas ajudar este alguém nas tarefas de governança e, mais do que isso, na concepção das políticas acadêmicas.
A eleição de um Reitor não deve guardar semelhança com os plenários políticos ou assembleias de classe, onde atuam “bancadas” e “facções” mais preocupadas com a reação de suas bases eleitorais.
Um Reitor não deve estar ligado a qualquer facção partidária, mesmo que ocasionalmente esta facção represente, no espectro político, um programa justo de governo. O compromisso da autoridade universitária restringe-se ao contexto exclusivo da qualidade acadêmica.
Neste caso, a chegada ao posto de Reitor assemelha-se ao ingresso de um estudante na universidade.
Portanto, a recandidatura de Francisco Ribeiro é perfeitamente democrática, representativa, bem como demais outras pré-candidaturas de professoras qualificados para a disputa, inclusive o professor Maurílio Monteiro, que já ocupou o cargo e teve participação decisiva na formatação da atual Unifesspa.
Qualquer tentativa de satanizar o nome de Francisco Ribeiro é ato antidemocrático, baixo golpe e discurso fascista.
A disputa pela Reitoria da Unifesspa deve ser restrita ao debate interno, de alto nível, principalmente buscando a sua consolidação como polo de conhecimento na Amazônia.
A Unifesspa precisa mostrar que é capaz de cumprir sua missão, ampliar seus objetivos e consolidar laços efetivos com a sociedade.
Quanto mais seguir nesse caminho, maior será sua autoridade e mais forte sua legitimidade.
O mundo pós-Covid, com as inevitáveis restrições financeiras e contrações fiscais que estão restringindo a ação dos governos, terá como uma de suas marcas uma aguda competição por recursos públicos.
O desafio consistirá na superação dessas restrições, particularmente acentuadas em países em desenvolvimento como o Brasil, dado o fardo das desigualdades entre seus cidadãos, que possuem acesso limitado à educação e à informação de qualidade.
O blogueiro está preocupado com os rumos que a disputa pelo comando da Unifesspa está tomando, e estará aqui vigilante, denunciando ações que venham criar embaraços e dividir mais ainda a já dividida academia.
Na edição de amanhã, o blog publicará entrevista que fará no final da tarde desta segunda-feira, 26, com o Reitor Francisco Ribeiro, procurando saber se ele está disposto a disponibilizar seu nome à disputa eleitoral, e tentando entender o que realmente está ocorrendo dentro da Academia.
Manoel edielson Firmino
30 de abril de 2024 - 07:25E importante deixar bem claro essa situação de uma forma imparcial, de qualquer maneira a esse fato é preocupante, parabéns por trazer e abordar essa temática.
Elisângela
27 de fevereiro de 2024 - 10:28O bom jornalismo deve ser sempre imparcial. É importante que sempre sejam ouvidos os dois lados. Profº Maurílio fez um grande trabalho como Reitor da Unifesspa, tal qual o Profº Francisco também tem feito. Por isso, é importante que os dois possam ter oportunidade de fala, principalmente para apresentarem suas propostas.
E por fim, que fique claro que não existem vilões e mocinhos. Todos cometem erros e acertos. Cabe a cada um buscar dar o seu melhor.
hiroshi
27 de fevereiro de 2024 - 11:54Elisângela, “o bom jornalismo” aqui funciona, sim. O blogueiro manteve contato nesta manhã de terça-feira com o professor Maurílio Monteiro a quem foi disponibilizado o espaço deste site para sua manifestação.
Mariana
26 de fevereiro de 2024 - 20:18Agressores não passarão!!
Parabéns Hiroshi, Maurilio Monteiro tem um projeto de poder pessoal, iniciou sua Campanha antecipadamente e com acusações manchando a imagem da Unifesspa.
Que Deus nos livre dessa pessoa que está mostrando seu BAIXO NIVEL, descontrolado. No inicio ate pensei em apoia-lo mas depois de tudo que vem fazendo, está mostrando quem realmente é. Eu estava, eu vi como ele tratou duas professoras no seu ambiente de trabalho, depois daquele dia mudei completamente a visão que tinha sobre.
Ana Lucia
26 de fevereiro de 2024 - 20:09Perfeito!!
Qualquer tentativa de satanizar o nome de Francisco Ribeiro é ato antidemocrático, baixo golpe e discurso fascista.
Adelina Braglia
26 de fevereiro de 2024 - 19:16Desejo disposição de luta e êxito ao Professor Francisco. A dinastia Monteiro é bastante conhecida pela sua capacidade de desagregar e de triturar biografias.
Zenaide
26 de fevereiro de 2024 - 18:41Importante esclarecer essa situação de uma forma imparcial, de qualquer forma esse fato é preocupante, parabéns por trazer e abordar essa temática.
Natália
26 de fevereiro de 2024 - 18:11Excelentes colocações! Importante saber que temos um blog que, além de imparcial, tem a preocupação de ser atento e cuidadoso com uma situação tão importante para a comunidade acadêmica da Unifesspa.
Raimundo Oliveira
26 de fevereiro de 2024 - 14:30Parabéns Bogéa pela análise imparcial dos fatos. Realmente, configurando essa narrativa fraticida, a situação é preocupante.
Dyeggo Guedes
26 de fevereiro de 2024 - 18:00Importante que as pessoas entendam a situação na Unifesspa. Esclarecer é um dever!