Divulgada primeiramente pelo jornalista João Salame, na coluna “Coisas da Política”, do portal Opinião em Pauta, a notícia de que o empresário Sebastião Miranda Neto é citado preferencialmente por 16% dos eleitores de Marabá para a prefeitura de Marabá causou frisson nos meios políticos do município.
O motivo principal da grande repercussão do fato é o de que Tião Miranda Neto nunca formalizou nenhum interesse em deixar a vida empresarial, de muito sucesso, registre-se, para encarar os altos e baixos da carreira política.
Além do mais, a projeção do nome de forma competitiva na pesquisa sinalizou cenário de que o prefeito Tião Miranda, tio do jovem empresário, pode ter, agora, à disposição, um nome que venha consolidar uma disputa em real condições de vencer os pretendentes ao cargo de prefeito – os deputados estaduais Chamonzinho (MDB), Toni Cunha (PL) e Dirceu tem Caten (PT).
Outro aspecto que fortaleceu a repercussão do resultado da pesquisa com Tião Miranda Neto na preferência de quase 20% do eleitorado é o fato de que o nome do vice-prefeito de Marabá, Luciano Dias, até agora recebendo as bênçãos do prefeito Tião Miranda, não conseguiu decolar, não obstante já vir fazendo pré-campanha há quase um ano, usando toda a estrutura da prefeitura de Marabá.
Quem é Tiãozinho
E, afinal de contas, quem é Sebastião Miranda Neto? O que ele faz?
Inicialmente, o blogueiro disponibiliza algumas informações pessoais e de família do jovem empresário.
O nome Sebastiao Miranda vem do seu avô Sebastião de Moraes Miranda, pai do prefeito de Marabá, Tião Miranda.
Chegado no município no ano de 1930, “seu” Sebastião Miranda foi comerciante pioneiro de Marabá, atuando nos diversos ciclos econômicos da região.
Pai de sete filhos, entre eles o atual prefeito Tião Miranda, “seu” Sebastião conseguiu cumprir com sua missão principal, como ele gostava de dizer, que era fazer todos os filhos concluírem cursos superiores, dentre os quais citamos o empresário Félix Miranda, pai do empresário Sebastião Miranda Neto.
Félix Miranda também tem atuação marcante na vida do município de Marabá, aparecendo como uma de suas lideranças em causas sociais, onde já presidiu por duas vezes a Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), o Sindicato do Comércio de Marabá (Sindicom), além de liderar o movimento “O Pará Vale Mais”, que reivindicava maiores benefícios da mineradora Vale a favor da população de Marabá e dos municípios que ficam no entorno dos projetos da mineradora.
Filho de Valderez Miranda, bancária e empresária, Sebastião Miranda Neto sempre teve obsessão pelos negócios.
Nem bem completara 16 anos, adolescente ainda, Tiãozinho, como é chamado no seio da família e pelos amigos mais próximos, revelava suas visões empresariais ao montar a Skorpionet, empresa que seria o primeiro provedor de Internet de todo interior do estado do Pará
A Skorpionet se transformou no primeiro negócio idealizado por ele ,Tiãozinho, antevendo diversos outros empreendimentos que viriam a seguir, entre muitos, a implantação de uma rede de televisão pelos municípios do Pará e em outros estados do país.
Dezenas de emissoras de televisão foram implantadas por Tiãozinho, até ele despertar o olhar para a atividade de mineração.
Na atividade minerária, o empresário de Marabá “peitou” o monopólio da mineradora Vale, que sempre lutou para impedir que o governo concedesse licença para exploração de lavra a pequenos e médios empreendedores.
Recentemente, a Justiça Federal deu ganho de causa à empresa de Tião Miranda Neto, numa das decisões mais comemoradas no meio, porque abriu-se caminhos para que outras empresas possam usufruir também dos benefícios da atividade – não apenas a Vale.
Depois de muita insistência, o blogueiro conseguiu entrevistar Sebastião Miranda Neto, que inicialmente mostrava-se arredio a falar sobre política, principalmente a respeito do resultado da pesquisa que o aponta com quase 20% de indicação do eleitorado para disputar a prefeitura de Marabá.
“Estou focado apenas em meus negócios, principalmente depois que obtivemos na Justiça o direito de exploração de jazidas de mineração. Gostaria de evitar falar sobre isso (pesquisa), mas em respeito ao seu trabalho, vamos conversar”, disse Tiãozinho inicialmente ao blogueiro.
Interessante é que, depois de concordar em conceder a entrevista, o empresário não pediu ao repórter nenhuma pauta antecipada (roteiro de perguntas a serem feitas), como quase sempre fazem algumas pessoas procuradas para entrevista, respondendo em seguida a tudo o que lhe foi perguntado, com muita segurança do que falava.
Tiãozinho respondeu até se aceitará oferecer seu nome para disputar a prefeitura de Marabá.
Entrevista a seguir:
“Decidi que iria partir para ver se os pequenos empreendedores podiam, também, ´morder´ um pouquinho do bolo. (…) Contratamos geólogos, advogados e iniciamos os pedidos de exploração de lavra no DNPM”.
Foi depois da metade dos anos 90 que Marabá passou a ter seu primeiro contato com a Internet, graças a sua determinação de implantar um provedor no município. Como você teve a ideia e quais desafios encontrou à época?
No início, trazer a Internet para uma população tão distante dos grandes centros, parecia um sonho, algo inatingível. Foi uma batalha enorme… Lembro de mandar dezenas de e-mails ,insistir durante um ano com a ainda existente Embratel (responsável pela cessão de ferramentas e autorização para explorar o setor), negociando para colocar Internet em Marabá. Para viabilizar a possibilidade de ter demanda, iniciei fazendo pela Vila Militar de Marabá um pré-cadastro que garantisse a venda de assinaturas a usuários. Quando, finalmente, conseguimos implantar toda a estrutura da Skorpionet, o resultado foi como uma verdadeira revolução, já que todos achavam impossível ter Internet em Marabá.
Depois da Internet, lembro que você iniciou a implantação de uma rede de emissoras de televisão no interior do Pará….
Sim, verdade. Um ano após a implantação da Internet, como já tínhamos a torre na qual foram implantadas as antenas de transmissão do provedor da Skorionet, decidimos agregar valor ao negócio usando a mesma torre para a implantação da RedeTV. Nessa época, eu já estava estudando em São Paulo, onde mantinha contatos com executivos das redes de televisão. Em pouco tempo, trouxemos a RedeTV para Marabá, em sinal aberto . Ou seja, mais um bem de serviço público para o município.
E como foi que você começou a expandir a RedeTV para outras localidade?
Nos anos seguintes, inauguramos a nossa primeira emissora fora de Marabá, exatamente na capital do Estado, Belém, saltando para uma população de 4 milhões de pessoas, quando se fala de Região Metropolitana. E, três anos após a implantação da RedeTV em Belém, começamos a levar a palavra de Deus por intermédio dos nossos irmãos evangélicos e católicos, para mais de 20 estados e 600 municípios, através dos canais de televisão que conseguimos em Brasília, depois de muito trabalho, luta, determinação;
“A luta para a obtenção de licença para exploração de minérios na região nos fez passar por um momento muito difícil, grande perseguição, calúnias e difamação”
Hoje, além de seus negócios em comunicação, o seu forte é a atividade de mineração. Como foi que você visualizou nessa atividade um negócio de forte poder empresarial?
Tudo foi consequência de minhas idas e vindas à Marabá, de férias, para visitar a família…. Nessas viagens, comecei a estudar o funcionamento da Mineração e da sua legislação no Brasil. Nunca me conformei e nunca me conformarei com a máxima de que só os “grandes” podem sonhar. Descobri no ano de 2011 que a Vale ficava “onerando” áreas e fazendo reserva de mercado para que nenhum pequeno paraense tivesse a chance de desenvolver sua região. Decidi que iria partir para ver se os pequenos podiam, também, “morder” um pouquinho do bolo. Então, montamos alguns pequenos CNPJ para prospectar áreas na região Carajás.
Contratamos geólogos, advogados e iniciamos os pedidos de exploração de lavra no DNPM, antigo Departamento Nacional de Produção Mineral), hoje ANM – Agência Nacional de Mineração. Quando iniciamos essa luta, foi um momento de sonho, assim como tinha sido o início de implantação da Internet no interior do Estado do Pará, através da Skorpionet. Afinal, eu estava encarando uma luta que muitos consideravam inglória, qual seja a de quebrar o monopólio da toda poderosa mineradora Vale.
Dois anos depois que iniciamos a luta para obtenção de licença para exploração de minérios na região, passamos por um momento muito difícil, grande perseguição, calúnias e difamação.
A Vale usou da sua influência em todo sistema de controle para inviabilizar as pequenas mineradoras; começamos então a travar uma batalha na Justiça Federal que finalmente, somente 10 anos depois, a mesma Justiça reconheceu de forma inequívoca o nosso direito de atuar também, legalmente, na área de mineração. Confesso que foi e é um verdadeiro calvário enfrentar esse sistema cruel da mineração.
Quais as perseguições que você enfrentou?
A luta, verdadeiramente, é bruto, cruel: me denunciaram, caluniaram, tentaram de todas as formas me perseguir e à minha família, mas a Justiça Federal reconheceu que eu tinha razão e sentenciou exatamente o que eu falava, depois de dez longos anos de calvário.
Qual o ensinamento que esse batalha lhe trouxe?
O ensinamento de que o maior legado que alguém pode deixar é sonhar e lutar pela realização de seu sonho. Nossa maior riqueza é essa. E de que, também, precisamos entender de forma profunda como funciona a legislação mineral no Brasil, para questionarmos e enfrentarmos com altivez aqueles que tentam impedir os pequenos mineradores de também usufruírem das riquezas que brotam de nosso chão, permitindo o direito desse povo tão humilde e sofrido se desenvolver.
Pode ser simbólico, mas essa vitória na justiça nos diz que existem pessoas sérias no Brasil, que Davi pode enfrentar Golias, que mesmo sem o poderio econômico da Vale, a população humilde deve se juntar e ser ouvida.
Você tem hoje negócios em quantos estados do país?
Em 20 estados, temos implantada uma ampla rede nacional de TV.
Passados mais de 25 anos de implantação de seu primeiro negócio, o provedor de Internet, e comparando a Marabá daquela época com os dias atuais, você acha que o município se consolidou como uma cidade ideal para se obter oportunidades em negócios de sucesso?
Penso que qualquer lugar oferece oportunidade e vocação. Em Marabá despontam muitas oportunidades, porém é necessário desenvolver uma nova consciência para debater e enfrentar temas difíceis como mineração, logística, meio ambiente, agricultura e pecuária sustentável. Tudo isso atualmente exige passar por uma revolução de consciência e de leis. Precisamos, desesperadamente, gerar renda e distribuição de riqueza através das nossas potencialidades, para assim criamos um cadeia produtiva sustentável.
Agora, faço uma pergunta dentro de uma resposta: quanto o Estado do Pará teve de investimentos nos últimos três anos e quanto a Vale teve de lucro?
Conhecedor de muitas cidades ai pelo mundo, na sua visão, o que falta em obras para Marabá se tornar uma cidade mais humana?
Coincidentemente, neste momento estou em Marabá, vim rever familiares e amigos. Sem sombra de dúvidas, o maior problema do mundo e de Marabá, na atualidade, é a questão climática. Chegamos a temperaturas insustentáveis. Por essa razão, entre tantas obras necessárias ainda no município, precisamos construir parques, um programa de valorização do meio ambiente dentro da cidade, ampliar corredores de ciclovias, entre outras ações urbanas.
Empresário vitorioso, vivendo numa zona de conforto onde prevalece as decisões pessoais e empresariais, sem preocupação maiores com a área pública, como você recebeu a notícia do resultado de uma pesquisa realizada em Marabá dando conta de que seu nome aparece com 16% de indicações do eleitorado, numa cenário no qual você nunca esteve presente, jamais pleiteou qualquer tipo de candidatura à prefeitura de Marabá?
Nossa família tem dado sua contribuição à causa pública de Marabá há muitos anos. Meu pai Félix Miranda sempre foi ligado a movimentos de desenvolvimento e associações de classe na cidade; três tios de diferentes correntes ligados diretamente na política partidária. O mais conhecido deles, o prefeito Tião Miranda; o atual vereador Beto Miranda e meu saudoso tio Neuton Miranda, e um primo hoje secretário de Governo, e deputado estadual mais votado em Marabá, nas últimas eleições – Thiago Miranda.
Eu, particularmente, saí de casa com 16 anos, para estudar fora. Mas sou apaixonado pela minha família e pela história construída por ela em Marabá. Penso que somos como uma “árvore”; voamos em direção ao céu, conhecemos novas experiências, mas sempre lembrando que tudo da árvore está na raiz.
Corri descalço no amado bairro do Cabelo Seco, na minha infância e adolescência; estudei na Escola Monteiro Lobato e depois no Colégio Alvorada. Lembro com alegria de pegar o barquinho e atravessar para a Praia do Tucunaré aos fins de semana, e ir tomar banho no Geladinho, sempre sonhando em conquistar e viajar o mundo. Nesse tempo, descobri duas coisas, a de que só somos absolutamente felizes quando compartilhamos o que vivenciamos, quando saímos da zona de conforto de pensar apenas em si para ser feliz com a felicidade coletiva. É um desafio largar uma vida confortável em um grande centro, mas acredito sinceramente em propósito e missão. Independente de qualquer cargo, é chegado o momento de compartilhar o que recebemos.
“Se ele precisar de meu nome para tentar vencer a eleição e continuar a mudança diária que a cidade experimenta com o volume de obras extraordinário que a comunidade presencia, eu estarei à disposição dele e da população marabaense”
Seu tio, Tião Miranda, é considerado o melhor prefeito de todos os tempos de Marabá. Qual avaliação você faz dele como administrador da cidade?
A mesma que quase totalidade dos cidadãos de Marabá estão fazendo: um realizador de obras que cuida da cidade como se ela fosse sua casa, cheio de afeto e carinho. Por onde se anda, há obras, todas feitas com o certificado de qualidade exigente do prefeito. O que mais me faz admirar no trabalho do meu tio na prefeitura é o cuidado que ele tem com as contas do poder público. Como exemplo, cito a luta que ele travou nos últimos meses para impedir que algumas despesas fosse introduzidas na gestão municipal, antevendo que o país deveria passar por uma queda de arrecadação, atingindo todos os municípios. Não deu outra! O Tião estava certo, mais uma vez acertou. O que se vê por ai são municípios em estado de insolvência, mas Marabá, embora também atingida seriamente pela crise econômica, consegue tocar suas obras, com dificuldade, mas toca, enquanto o servidor continua recebendo o salário em dia. Isto é o que todo prefeito bem avaliado faz, cuidar das contas públicas com seriedade. Fico imaginando se o povo de Marabá não tivesse voltado o Tião para dirigir seu destino, como estaria hoje o município…. Estaríamos vivendo momentos de total abandono.
Muitos falam do Tião prefeito, gestor sério e qualificado, testado por décadas, mas eu vou além, dizendo que ele entregou a coisa mais preciosa de todo ser humano, que é o seu tempo e a saúde, para desenvolver Marabá.
Eu penso que o mais importante na vida é a gratidão; precisamos honrar os que vieram antes para que a árvore de frutos saudáveis prosperem.
Enquanto para muitos o grande legado do Tião são as obras e a gestão eficiente, na minha visão -, o mais importante dos legados dele é a de um homem que deixou de pensar em si para pensar na coletividade; um homem formado em Engenharia na Universidade Federal de Minas Gerais que soube direcionar sua vida, desde jovem, para ajudar o próximo, inclusive acarretando muitas vezes abandono de sua própria vida pessoal.
Para o Tião, Marabá está acima de tudo , não apenas no discurso. São 30…40 anos de dedicação, uma lição de humildade. Por todos esses anos, ele permanece a mesma pessoa com os mesmos hábitos, plantando tijolo por tijolo e em alguns momentos reconstruindo Marabá.
Claro que precisamos das obras e da gestão eficiente, mas entendo que o principal legado é a “consciência” do coletivo acima do individual, e isto o Tião tem entregue.
E falando em Marabá bem administrada, baseado na pesquisa que mostra seu nome Tião Miranda Neto com 16% de indicação, essa pesquisa está estimulando você a largar seus negócios para se candidatar à sucessão de seu tio? Como você recebeu a divulgação dessa pesquisa?
Olhe, como já lhe disse em conversa reservada, eu estou numa zona de conforto acompanhando meus negócios, graças a Deus bem sucedidos, e esse tipo de resultado de pesquisa não altera minha tranquilidade e nem contamina minha personalidade com ambições políticas. Claro, o ego da gente se sente harmonioso saber que seu nome é lembrado de forma positiva pela população da sua cidade natal. Nunca pensei em me candidatar a prefeito de Marabá, até porque o processo eleitoral passa pela orientação do maior líder político da região, o meu tio Tião Miranda. Agora, sou muito realista e pragmático: caso o meu tio sinta dificuldade para viabilizar algum nome à sua sucessão, como parece estar ocorrendo com a pré-candidatura do vice-prefeito Luciano Dias, segundo apontam as pesquisas, e precisar de minha convocação para ajuda-lo, é caso a pensar. Digo mais: não ficarei aqui nesta entrevista diante de você fazendo marola. Vou direto ao assunto: se o município correr o risco de eleger alguém que possa levar por água abaixo tudo o que foi construído e reconstruído pelo meu tio Tião Miranda nos últimos anos , e ele precisar de meu nome para tentar vencer a eleição e continuar a mudança diária que a cidade experimenta com o volume de obras extraordinário que a comunidade presencia, eu estarei à disposição dele e da comunidade marabaense.