Somente a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com sede em Marabá,  reúne atualmente 2.141 estudantes cotistas. 

 

Estudantes e educadores no Brasil, em em particular no Pará, celebram o fortalecimento da Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012) por meio da aprovação pelo Senado Federal, do projeto de lei nº 5384 que trata da reformulação (com ampliação) dessa legislação de acesso ao ingresso em universidades federais e instituições federais de ensino técnico de nível médio.

Essa revisão ocorre 11 anos após essa legislação passar a vigorar no Brasil.

Uma dessas estudantes é Júlia Martins, cotista do curso de Comunicação Social – Jornalismo, na Universidade Federal do Pará (UFPA). “Se eu não entrasse no curso de jornalismo cotista, jamais conseguiria pagar pelo curso em uma faculdade particular. Teria que fazer o Enem várias vezes e diga-se que pagar a inscrição do exame que não é barata, até conseguir uma vaga por ampla concorrência. Sabe Deus se teria condições de fazer. Poderia até mesmo desistir desse sonho”, afirma Júlia.

Na Universidade Federal do Pará (UFPA), segundo dados do Centro de Indicadores Acadêmicos da Universidade (CIAC), atualmente encontram-se regularmente matriculados 26.175 alunos cotistas nos diferentes cursos de graduação ofertados pela instituição.

“A aprovação da lei é fundamental para a continuidade e avanço das políticas de ação afirmativa, indispensáveis, e uma conquista da sociedade”, avaliou nesta sexta-feira (27) o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, em um balanço sobre uma década de avanços.

Para o Processo Seletivo 2024, a UFPA adotará o Sistema de Cotas com a distribuição das vagas, conforme a legislação vigente. Em cada oferta de curso/turno, metade das vagas é de ampla concorrência (direcionada a todas/as os/as candidatas/os) e a outra metade é direcionada a estudantes de escolas públicas (Cota Escola), com percentuais específicos para estudantes de baixa renda (Cota Renda), pessoas negras de cor preta, pessoas negras de cor parda e indígenas (Cota PPI) e pessoas com deficiência (Cota PcD). Ainda há a oferta de uma vaga adicional destinada a estudantes com deficiência, em cada oferta de curso/turno/entrada (Cota PcD Adicional).

Na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), são 4.880 alunos cotistas no período letivo de 2023.1. A Ufra informa que os editais dos Processos Seletivos de 2024 ainda não foram lançados, entretanto considerando o ano de 2023 a previsão da distribuição de vagas será realizada da seguinte forma: para 2024 estão previstas 2.240 vagas a serem distribuídas em 1.120 vagas para o SISU e 1.120 vagas para o Prosel/Ufra.

Já na Universidade do Estado do Pará (Uepa), são 2.900 estudantes matriculados como cotistas. Acerca do próximo processo seletivo, a Uepa informa que oferta 30% das vagas destinadas a candidatos que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em cursos regulares ou na modalidade Educação de Jovens e Adultos em instituições públicas de ensino (cotas sócio econômicas, cerca de 900 vagas); 20% para candidatos que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em cursos regulares ou na modalidade Educação de Jovens e Adultos em instituições públicas de ensino e se autodeclararem negros ou indígenas (cotas étnico-raciais, em torno de 600 vagas); e 50% do total de vagas ofertadas para candidatos da ampla concorrência.

De acordo com a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação, a  Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) tem aproximadamente 3.851 alunos cotistas regularmente matriculados em 2023. É quase a metade do corpo discente da instituição, estimado em 8 mil estudantes.

A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) reúne atualmente 2.141 estudantes cotistas.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPA) possui 23.278 estudantes matriculados em cursos FIC, cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação. Desses, são 7.711 estudantes matriculados em cotas e ações afirmativas. Para o Processo Seletivo Unificado 2024, o IFPA agenda a oferta de  7.003 vagas. As vagas reservadas para cotas e ações afirmativas totalizam 4.550.

Ela lembra que ingressou na UFPA em 2021, segundo ano da pandemia da covid-19. “O processo de ingresso por cotas raciais contou com uma avaliação de forma virtual. Os selecionados no processo seletivo deveriam enviar fotos em diferentes ângulos e um vídeo se apresentar. Eu fui aprovada pela banca de heteroidentificação, porém, outros amigos não tiveram a mesma sorte. Pessoas realmente negras mas que por falta dos instrumentos técnicos não conseguiram enviar. Isso não me fez mudar de opinião com relação a Lei de Cotas, pelo contrário, me fez entender que era urgente uma revisão e ampliação da lei”, ressalta Júlia.

A matéria aprovada no Senado abrange o ingresso de cidadãos em universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio, no país, de estudantes pretos, pardos, indígenas, quilombolas e de pessoas com deficiência (PcD), além de alunos que cursaram integralmente o ensino médio ou fundamental em escolas públicas.