Conforme anunciado, publicamos entrevista com o cientista político Dornélio Silva, diretor do Instituto de Pesquisa DOXA.
Ele aborda a seriedade do estudo recentemente realizado pela sua empresa analisando 4 mil entrevistados para eleição proporcional.
Dornélio confia no indicativo de suas análises acreditando que o ranking dos candidatos mais citados pode se confirmar dia 2 de outubro, ou ter o mínimo de erro.
O cientista conta detalhes dos estudos e revela que iniciou nova pesquisa, ouvindo dois mil eleitores em todo o Estado.
” Vamos somar essa ( 2 mil) as 4.000 realizadas, obtendo uma amostra de 6.000 entrevistas. Vamos novamente aplicar nosso método e publicar novo estudo”, diz.
A seguir, leiam a entrevista
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BLOG: Nesse período de campanha política aquece o mercado de pesquisa. Como você está avaliando esse mercado nessa campanha?
DORNÉLIO: Em se tratando de eleições gerais, normalmente as pesquisas são contratadas por candidatos a cargos majoritários, uma vez que uma pesquisa de nível estadual no Pará não é barata, tendo em vista a grandiosidade do estado e as dificuldades para se chegar às regiões mais distantes. Como nessa eleição não temos disputa para o governo, não há o acirramento político; e com isso não há também o acirramento do mercado para o consumo de pesquisa. Fizemos até então umas duas pesquisas que registramos e foram publicadas.
BLOG: Então, o Instituto não está fazendo pesquisas já que temos eleições também para os cargos proporcionais…?
DORNÉLIO: Interessante como o mercado se move, se reinventa: os prefeitos começaram a contratar e publicar pesquisas para saber se os seus candidatos, principalmente a cargos proporcionais, estão bem-posicionados no município administrado por esse prefeito. Conversei com vários prefeitos que contrataram nossos serviços. Me diziam que a vitória de seus candidatos é a sua vitória também. Dizem que o deputado estadual ou federal ganhando, o prefeito fica fortalecido, mostra sua força política. Além do mais, o prefeito que vai pra reeleição, principalmente, já está pensando em 2024. Ele precisa do apoio do deputado que o ajudou a eleger; por isso há um esforço do prefeito em saber se seu candidato está bem no jogo. A pesquisa é o instrumento ideal para medir esse posicionamento.
BLOG: E para os cargos proporcionais a Doxa fez pesquisas?
DORNÉLIO: Fizemos pesquisas por conta própria regionalizadas, tendo em vista os custos serem menores. E registramos todas para serem publicadas. Quando você publica afirmando que está registrada, torna-se uma pesquisa oficial. E isso dá credibilidade. A partir de então percebemos o interesse dos candidatos que disputam uma vaga na Alepa e Câmara Federal. E a atenção voltou para esse mercado dos cargos proporcionais. O mercado para governador não se falou mais.
BLOG: Com o aquecimento desse mercado de proporcionais (como você fala), você aprimorou suas pesquisas, inclusive fez um estudo recentemente, acredito que inédito, sobre a eleição para deputados federais e estaduais. Nesse estudo, você não apenas informou quantas cadeiras cada partido pode fazer como indicou nomes de candidatos que podem ocupar essas cadeiras. O que é esse estudo?
DORNÉILO: Em todas as campanhas gerais, onde acontece eleição para cargos proporcionais, volta a discussão sobre a eficiência da pesquisa para esses cargos. Alguns analistas dizem que não tem efetividade para cargos proporcionais, tendo em vista o grande número de candidatos, dificultando a aferição. Sempre dizia que a pesquisa para cargos proporcionais é um indicativo apenas, que mostra uma luz, informando que você está no páreo. Exemplificava que quando o candidato foi citado, pelo menos 1 vez, solte pistola, por que alguém lembrou de você. Normalmente quando os institutos publicam pesquisa para deputado, mostram apenas o ranking dos mais citados. Essa técnica induz ao erro porque pode acontecer (e acontece) que um candidato seja bem votado num determinado município com 50 mil eleitores; e esse seu índice eleva sua média geral. Esse candidato aparece lá entre os primeiros colocados. No entanto, esse candidato só tem votos no município dele e por conseguinte não tem voto suficiente para se eleger por que teria que buscar em outros municípios.
BLOG: E como você desenvolveu o estudo para sair dessa metodologia do ranking?
DORNÉLIO: Fizemos duas grandes pesquisas no estado que soma 4.000 entrevistas. Perguntamos “se a eleição fosse hoje, em quem você votaria para deputado federal?” ou “estadual?”; e de maneira espontânea os eleitores foram citando nomes de candidatos. Depois elencamos todos os que foram citados com seu respectivo quantitativo de citação; em seguida enumeramos os partidos de cada candidato votado na pesquisa. Feita essa primeira parte do trabalho, separamos por partido para sabermos o quantitativo de votos recebidos por cada agremiação. De posse desses dados, apliquei a regra eleitoral para cargos proporcionais que está vigente no Brasil: Calculei o quociente eleitoral sobre o total dos votos atribuídos a todos os candidatos. Com o quociente eleitoral, pude calcular o quociente partidário que resultou na quantidade de cadeiras que cada partido receberia e suas respectivas sobras. Em seguida fomos buscar os mais votados de cada partido e assentar em seu lugar. Vale ressaltar que, por exemplo, para deputado federal a sobra foi de 7 cadeiras que foram preenchidas conforme as maiores sobre de cada partido.
BLOG: Nesse estudo você viu algo que lhe chamou a atenção?
DORNÉLIO: Sim, ao fazer os cálculos do quociente partidário, percebi que o PTB ficaria com 5 cadeiras. Isso me chamou muito a atenção. Depois vi que dentro do PTB havia um candidato, Bob Fly, que obteve um índice altíssimo de citações, o que elevou o número de cadeiras. Isso significa que ele pode puxar 3 a 4 vagas. Nessa eleição ele pode ser o maior puxador de votos como o mais votado de todos os candidatos. Por outro lado, esse fato desiquilibra o tabuleiro eleitoral, uma vez que o PTB com esse aumento de cadeiras, retira de outros partidos a possibilidade de fazer mais uma cadeira. É o fato novo a ser observado.
Estamos em campo, fazendo a terceira pesquisa estadual com 2000 entrevistas. Vamos somar essa as 4.000 realizadas, obtendo uma amostra de 6.000 entrevistas. Vamos novamente aplicar nosso método e publicar novo estudo.
JoeHungria
31 de dezembro de 2023 - 00:26Gostaria de parabenizar o Instituto Doxa de Pesquisas pela seriedade e lealdade que tem se proposto ao fazer uma pesquisa de alto índice de confiança e credibilidade, com o i temesse de prestar um jom auxílio ao eleitorado brasileiro, nas várias regiões do Brasil.