O ex-candidato a prefeito de Parauapebas, no sudeste do Pará, Júlio César Araújo Oliveira (PRTB) – foto – , foi indiciado por comunicação falsa de crime pela Polícia Civil (PC).

Declaradamente ‘bolsonarista’, ele foi baleado no peito nas eleições de 2020, mas a coligação “Parauapebas da Prosperidade” entrou com uma ação apontando indícios de que o atentado teria sido “estratégica política”.

A PC informou, nesta sexta-feira (18), que o então candidato e outras três pessoas – empresário, motorista e secretária dele – foram indiciados na investigação do caso, cujo inquérito foi encerrado.

O relatório da Delegacia de Homicídios Metropolitana assinado pelo delegado João Batista Amorim data de 18 de março de 2021.

O inquérito foi, então, juntado nesta terça-feira (17) à Ação de Investigação Judicial Eleitoral que ainda tramita em primeiro grau, na 106ª Zona Eleitoral de Parauapebas. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará, o processo está em fase de instrução.

Nas eleições de 2020, Júlio César foi o segundo mais votado para a prefeitura de Parapebas com 20,48% (24.267 votos).

O cargo foi ocupado por Daci Lermen, do MDB, que ganhou com 48,42% dos votos (57.384 no total).

 

ENTENDA O CASO

 

O então candidato a prefeito de Parauapebas, Júlio César, foi baleado no peito na noite do dia 14 de outubro de 2020, na zona rural da cidade. Ele deixou o hospital dois dias depois.

Testemunhas disseram à Polícia que o carro dele havia sido interceptado, quando voltava de reunião na vila de Carimã. Segundo os relatos iniciais, uma caminhonete teria se aproximado do carro do candidato e feito os primeiros disparos. No veículo estavam três pessoas.

Ainda na estrada vicinal um terceiro veículo estava atravessado na pista. As vítimas escaparam do bloqueio e tentaram fugir, mas continuaram sendo perseguidas pela caminhonete. Júlio César, que estava no banco do carona, foi atingido no peito por um dos disparos. Os demais ocupantes ficaram feridos.

Em nota divulgada à época do caso, o PRTB disse que o candidato de 32 anos foi “vítima de um atentado”.

O MP Eleitoral pediu investigação sobre atentados contra candidatos no Pará, entre o caso de Júlio César.

Na apuração pela Polícia Civil do Pará, a perícia chegou a realizar a simulação ainda em outubro daquele ano. O delegado-geral Walter Resende acompanhou. Foram feitas duas perícias – a simulação do veículo que o candidato estava e a reprodução simulada do fato no local e horário indicado nos depoimentos.

No dia 12 de novembro de 2020, a Polícia Civil apontou que havia divergências entre depoimentos e laudo pericial. O resultado, então, mudou a condução das investigações porque apontava que a dinâmica da ocorrência seria diferente dos fatos narrados pela vítima e testemunhas.

À época, a análise dos peritos criminais apontou duas possibilidades para o caso. Em uma, o veículo poderia estar parado ao ser atingido, dentro dessa possibilidade, facilitaria a ação dos atiradores. Na outra, o carro em que estavam os ocupantes poderia estar em movimento, mas no máximo a 9 km/h e não em alta velocidade.