Pensa na confusão!
Editado pelo jornalista Paulo Leandro Leal, portal de notícia do oeste paraense postou extensa matéria denunciando o SFB (Serviço Florestal Brasileiro) de colocar à venda no exterior parte da Amazônia. Segundo ele, o braço direito da ministra Marina Silva, Tasso Azevedo (foto), em uma tour por diversos países está oferecendo áreas da floresta próximas a BR-163 para o capital estrangeiro promover sua exploração de forma sustentável.
Em seu texto, Paulo Leal diz que “as aventuras de Azevedo mundo afora tentando abrir a floresta para o capital estrangeiro fez com que ele fosse classificado nos bastidores como braço do interesse internacional sobre a Amazônia. Ações dele à frente do SFB não desmentem essa versão. Pelo contrário, indicam que não se trata de um delírio nacionalista. O próprio Azevedo acredita que a conservação da Floresta Amazônica pode torna-se uma tarefa de várias nações daqui a alguns anos. Qualquer semelhança com o discurso dos países ricos sobre a floresta não é mera coincidência”.
Para ler a íntegra da gravíssima denúncia clique aqui.
Marky Brito
1 de maio de 2007 - 17:38Anônimo das 1:14,
Hoje é difícil criticar qualquer governo. Hora sou “acusado” de ser petista e hora de ser tucano. Quis dizer, caro anônimo, que na hora do PSDB agir com eficácia ele não fez, assim como o PT também não o fez, e ainda falha quando quer “destravar” o Brasil na marra.
Tentei explicar minha visão do que ocorre por lá. Estou há milhares de quilômetros de Castelo dos Sonhos, e mesmo assim quero discutir a situação daquela região, contribuir para que a matança pare e aqueles que querem produzir e empregar legalmente o façam. Mas o que fazem os políticos de Santarém, Altamira, Novo Progresso que não denunciam as mortes para o poder público? Quando a CPT faz é porque ela é do PT!
Denunciar o mais rápido esses funcionários corruptos do Incra e Ibama é o melhor que você faz. Envie um e-mail ou carta para os jornais, corregedorias dos dois órgãos, para o ministério público, dando nome aos bois e descrevendo o trabalho sujo que eles fazem por lá. Como se saberá que eles são corruptos se ninguém denunciar? Diga em quais pontos de fiscalização a madeira ilegal passa.
Ficar discutindo se sou petista não dá mais. Vamos ser pragmáticos. Quem está mais perto deve denunciar qualquer coisa ilegal que atrapalhe as atividades florestais legais, como a corrupção e o trabalho escravo, né não? O Liberal, Diário, Ibama e Incra tem uma seção chamada “Fale Conosco”, é só entrar lá e fazer sua denúncia.
O Incra ainda tem este telefone: 0800-728 7000
E a Procuradoria da República no Estado tem uma seção só para denúncias:
http://www.prpa.mpf.gov.br/
Que tal criar um blog para fazer suas denúncias e sugestões? Um blog em Castelos dos Sonhos, se isso é possível, seria mais que bem vindo.
Abraços e vamos continuar discutindo.
Anonymous
1 de maio de 2007 - 04:14Marky Brito, logo vi que era petista de carteirinha. E como bom petista, ha, a culpa só pode ser dos tucanos né?, amigo. Então tá resolvido. A culpa é dos tucanos. Ainda bem que temos o PT para salvar o Brasil né? Só vou te dar uma dica, amigo. O Pt diz que está ordenando e consertando as cagadas daquela região há quatro anos: quatro. E continua a mesma coisa, talvez pior. Em castelo de Sonhos morrem cerca de duas ou três pessoas por semana, assassinadas: disputa por terras e madeira.
E, surpresa, madeireiros ilegais de toda a sorte continuam trabalhando normalmente, com suas serrarias entocadas no meio do mato. O pessoal do Ibama e Incra vai lá, enchem os bolsos de grana e vão embora. Acorda, meu irmão. A chiadeira é de quem quer trabalhar legal. os bandidos continuam lá, porque nao precisam de documento do governo.
Marky Brito
30 de abril de 2007 - 15:10Caro Empresário,
A dura realidade da região começou não somente no ordenamento territorial que ora ocorre naquela região, mas logo em seguida da abertura da rodovia e com a chegada de madeireiros e fazendeiros predadores. Não sou contra qualquer empresário sério, conheço muitos que se esforçam enormemente para produzir de forma racional e legal. Minha tese é a mesma elaborada pelo Imazon, a do Boom-Colapso, que, pedindo licença ao Hiroshi, tento explicar pra você abaixo.
Em um primeiro momento empresas madeireiras advindas de locais onde o estoque de madeira está exaurindo, como Paragominas e Sinop, foram instaladas, aumentando assim o comércio local, as verbas para prefeituras e a chegada de mão-de-obra barata. Esse é o chamado Boom, onde tudo é uma maravilha para todos, onde não há a presença do estado, a terra (e sua floresta) é barata e acessível e muitas vezes as próprias prefeituras fecham os olhos para as ações ilegais de fazendeiros e madeireiros. Estudos do Imazon, disponíveis no site deles, mostram o crescimento das empresas madeireiras naquela região, enquanto em Paragominas e Sinop o estoque madeireiro diminuía.
Imagine empresas de cana de São Paulo que contratando trabalhadores do nordeste desmatassem, plantassem a cana, colhessem tudo de uma vez, para logo em seguida avançar, irracionalmente, sobre os restos de Floresta Atlântica em outro local, repetindo o ciclo de desmate, plantio, colheita e mudança para uma nova área de floresta, deixando um rastro de destruição e gente miserável para trás. A exploração predatória de madeira é assim por aqui.
O Colapso na região que você visitou começou quando antes dos estoques de madeira acabar, o governo federal, ainda no governo tucano, inicia uma série de ações legítimas que tornam o acesso à madeira mais difícil para quem nunca trabalhou na legalidade. A primeira ação de impacto de que lembro foi a suspensão de todos os planos de manejo de mogno naquela região devido sua iminente extinção; em seguida cada um desses planos foi visitado e avaliado. Se não me engano somente um plano foi aprovado naquela verificação.
Constatada a ilegalidade da exploração madeireira, com a presença até de trabalho escravo e a fragilidade da posse da terra nos planos, o governo federal apertou ainda mais montando uma base do Ibama/Ministério Público em Novo Progresso. Em seguida veio a exigência, antes da Lei Florestal federal, do georeferenciamento das propriedades para a obtenção do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR. Sem o CCIR é proibido realizar qualquer ação nas terras. Esse foi o golpe fatal, antecessor da Lei Florestal e de suas exigências para quem fazia manejo florestal em terras públicas. Depois vieram as reservas e o distrito florestal, e o resultado foi o que você viu por lá.
Essas são ações legítimas de ordenamento do uso da terra, em uma região onde quem mandava era quem chegava primeiro e tinha o maior poder de fogo. Você deve ter sabido das histórias de conflitos, com madeireiro invadindo até terras do Exército. O nó da questão é que o governo tucano assistiu sentado durante 12 anos aquela região ser depredada, o que deve ter obrigado o governo federal intervir nas terras que eram dele. Quem não leva toma. Mas, em vez de agirem em conjunto, ordenando e não prejudicando quem queria produzir na legalidade, os governos passaram um bom tempo batendo boca.
As ações de ordenamento em uma região como aquela, são novas no Brasil e também inevitavelmente prejudicadas pelos vícios, burocracia e falhas de governo. O esforço é ao mesmo tempo enorme e muito delicado, demandando planejamento preciso, gente qualificada e a presença e união eficaz de todos os governos. Cabe a imprensa, ao povo de lá, aos políticos paraenses, a todos nós ajudar e exigir que o governo cumpra seu papel de gestor na liberação dos planos de manejo legais, assim como na caça de grileiros e escravagistas e no incentivo à indústria madeireira sustentável, impedindo que os predadores se mudem para um Novo Progresso da vida. É por isso que a questão é muito mais complexa do que uma suposta invasão gringa.
Anonymous
29 de abril de 2007 - 23:28Sou empresário de São Paulo e em recente viagem à região da BR-163 vi que aquilo lá acabou. A economia foi a zero, o desemprego é absurdo, a violência aumentou e muita gente que ir embora. Li a reportagem e infelizmente ela retrata uma dura realidade daquela região. Se o objetivo do governo não é entregar a floresta para os gringos, porque acabaram com a indústria local?
Marky Brito
26 de abril de 2007 - 13:56Esqueci de comentar que é uma pena que O Liberal e o Diário se limitem, na maioria das vezes, a apenas noticiar o conflito. Afinal, há gente bem pertinho dos dois jornais na UFRA, UFPA, EMBRAPA, IMAZON, IPAM, IBAMA, SECTAM, IDEFLOR, ITERPA, INCRA, SINDICATOS e FEDERAÇÕES de Madeireiros e Grandes Exportadores de Madeira para entrevistar.
Marky Brito
26 de abril de 2007 - 13:47Hiroshi,
Concordo totalmente com você. Mas, fico louco com essa conversa de que se vai entregar nossa floresta para gringo. O buraco é mais embaixo, e pra isso temos a Constituição como você bem colocou. Nela e no Código Florestal Brasileiro estão as regras básicas e fundamentais no uso dos recursos florestais brasileiros.
Seria ótimo ver um jornalista ir fundo nesta questão e analisar os dois lados, suas implicações para o uso da floresta, os seus donos e moradores. Será que todo esse caos no setor é somente pela aplicação da lei e pela falta de pessoal na Sectam?
Veja que o Iterpa (e mais atrás o governo federal) está retomando várias propriedades com títulos falsos. Essas ações dificultam cada vez mais o acesso a áreas com floresta. Minha opinião é que as ações de ordenamento territorial e a falta de estrutura da Sectam e de órgãos como o Incra tornam o processo de aprovação do Plano de Manejo mais lento. O madeireiro, portanto, fica sem área de floresta disponível e quando a tem fica à mercê da burocracia.
Abraços.
Marky
hiroshi
26 de abril de 2007 - 02:58Brito, não conheço o Paulo e nem o Tasso. Conheço uma rega básica de jornalismo que recomenda ouvir “os dois lados” sempre que há o envolvimento de denúncias contra quem quer que seja. Independente das questões jurídicas contidas na Lei de Gestão Florestal ou de observâncias no Relatório Anual de Gestão Florestal de 2006 do Serviço Florestal Brasileiro, existe uma publicação aprovada e promulgada pelo Congresso Nacional denominada de Constituição da República Federativa do Brasil, e que garante a preservação da soberania e da integridade territorial do país, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza.
O resto..é falácia.
abs.
Marky Brito
25 de abril de 2007 - 23:28Prezado Hiroshi,
Conheço Tasso Azevedo desde 1999 quando eu ainda era pesquisador assistente no Imazon. Esse Tasso descrito na “matéria” de Paulo Leal vai de encontro com tudo o que o Tasso que conheço fez até hoje no setor florestal brasileiro.
O mínimo que Paulo Leal tem que fazer é ler todo o conteúdo da Lei de Gestão Florestal. Depois tem que ler o recém lançado Relatório Anual de Gestão Florestal de 2006 do Serviço Florestal Brasileiro, todos disponíveis na página http://www.sfb.gov.br. E finalmente escutar o Tasso sobre as questões levantadas pelos madeireiros.
Publicar opiniões de líderes madeireiros descontentes é muito conveniente e mais fácil do que ir mais fundo na questão florestal paraense e brasileira, mostrando números, dados, opiniões diferentes.
Eu poderia fazer um longo histórico da situação atual do setor. Mas, acho que a resposta da “matéria” cabe ao Tasso. Já repassei o material para ele.
Grande Abraço,
Marky Brito
PS: essa foto do post não é a do Tasso.
Anonymous
25 de abril de 2007 - 18:52Eu entrei no site desse Paulo Leal. Um comercial do tamanho do mundo abre a página digital dele divulgando a Associaçào Comercial e Empresarial de Santarém. O cara tá à serviço dos mesmos grupos econômicos que estão destruindo a floresta.
Anonymous
25 de abril de 2007 - 14:48Meu Deus !!! O que falta ser vendido pelo PT ??? A integridade, a honestidade, a retidão, a transparência, a probidade e outras virudes mais já foram doadas pelo “prisidenti Lula” que não quer saber destas coisas perto dele. Mas como diz o adágio: “Cada povo tem o governo que merece.” No entanto, será que merecemos este Governo ???
Anonymous
25 de abril de 2007 - 02:07De onde surgiu esse Paulo Leal? Será um Camilo Viana ao avesso? O cara deve estar delirando ou o carnaval ainda não acabou pra ele.
Santiago Lima
Abaetetuba