Ano de 1980.
Fevereiro.
Nem bem Marabá começava a viver a dolorosa experiência de ter todas as suas casas devoradas pela cheia dos rios Tocantins e Itacaiúnas, Serra Pelada começava a viver um burburinho tímido.
Burburinho de garimpo.
A população do garimpo ainda não passava de quinhentos aventureiros em busca de riqueza.
A foto mostra o jovem comerciante Reinaldo Zucatelli, então com 21 anos de idade.
À direita seu irmão mais jovem, Ricardo, menino de 16 anos.
Os dois, Reinaldo e Ricardo, não estavam no garimpo explorando nenhum “barranco” em potencial perspectiva de “bamburro”.
Não!
Nem bem o garimpo começou a ser explorado, em janeiro de 80, Reinaldo visualizou um grande negócio de oportunidade”.
E pra lá se mandou, levando o irmão para ensiná-lo os primeiros passos das transações comerciais.
Bom lembrar que o hoje presidente do Grupo Zucatelli, que gera mais de 600 empregos diretos nos Estados do Pará,Amazonas, Maranhão, e Piauí – chegara em Marabá cinco anos antes, seguindo os passos de seus pais, seu Antonio e dona Ilma – recentemente falecida.
Atuavam inicialmente nos ramos da pecuária e indústria madeireira .
Quais eram os “negócios de oportunidade” visto por Zucatelli em Serra Pelada?
Reinaldo levava joias, maquinários, munição, armas e outras mercadorias de fundamentais necessidades para os garimpeiros.
Ali, Reinaldo praticava espécie de escambo.
Fazia a troca do que vendia por ouro.
Quando essa foto foi clicada, a grande cheia de 1980 começava a invadir casas, tanto que em fevereiro desse ano a prefeitura de Marabá decretava Estado de Calamidade Pùblica.
A cidade foi ficar totalmente submersa na metade do mês de abrir.
A grande correria à Serra Pelada ocorreu quando espalhou-se a notícia de que uma pepita de tamanho considerável fora encontrada por um vaqueiro do velho Genásio, em sua fazenda, margeada pelo igarapé Sereno, mais precisamente na Grota Rica, por onde começou a extração do minério.
Reinaldo Zucatelli viveu o surgimento e crescimento de Serra Pelada,, vendendo de tudo – e ganhando muito dinheiro, já que o ouro que ele recebia como pagamento era vendido numa cotação bem maior, fora do garimpo.
Estima-se que cerca de 120 mil pessoas viveram no auge do garimpo, entre 81 a 86.
Nessa foto histórica, ao fundo, observem grupo de garimpeiros explorando aquele que seria o “barranco” mais famoso da Serra: Grota Rica.
As armas e munição que Reinaldo vendia, era uma comercialização normal no garimpo.
Armas como instrumento de proteção numa região cercada por matas e também para comemorar a descoberta de ouro.
Quando algum barranco revelava sua riqueza, com a descoberta de ouro, os garimpeiros comemoravam dando tiros ao ar.
Uma fotografia pode muito bem ser apenas a foto de uma rua e não ter nada de interessante em um primeiro olhar, mas ela tem o potencial de nos dizer um monte de coisas sobre quando e onde ela foi tirada.
De repente, uma fotografia sem sentido pode nos trazer imagem de todo um lugar e tempo, reacendendo na alma memórias de nossa vida passada – e nos fazendo redescobrir partes desconhecidas da história.
A pessoa, o lugar, o objeto – expostos e escondidos ao mesmo tempo, sob a luz.
Dois olhos não são bastantes, maioria das vezes, para captar o que se oculta no rápido florir de um gesto fotografado.
A lente mágica de uma máquina fotográfica, nos permite, como agora visualizando o clic de Zucatelli em Serra Pelada, 40 anos atrás, enriquecer a visão humana – e do real de cada coisa.
Puro enigma das imagens.
GELDES RONAN PASSOS
11 de janeiro de 2024 - 22:35Parabéns irmãos Zucatelli! Abraços ao meu irmão Ricardo
Gerson Matos
8 de abril de 2020 - 23:42Parabéns Hiroshi, por retratar com preciosidade uma história real desse grande empreendedor virorioso.
Maria
8 de abril de 2020 - 16:46Parabéns! Excelente!