A população de Nova Ipixuna acompanha, com ávido e preocupante interesse, o desenrolar do possível escândalo que está por se consolidar, caso a Câmara Municipal do município aprove a conta de 2008 do ex-prefeito Edison Raimundo Alvarenga.
O caso já virou notícia estadual, com os blogs e alguns jornais registrando a fraude que se configura num documento que leva a suposta assinatura do ex-prefeito de NI, José Pereira de Almeida, o Zezão – conforme vem denunciando este blog (AQUI , AQUI, AQUI e AQUI)
A situação dentro da Câmara Municipal, pelo que o blog conseguiu apurar nos últimos cinco dias, é de muita tensão, isto porque o ex-prefeito Alvarenga estaria pressionando vereadores a aprovarem sua prestação de contas alicerçada em documento fraudado.
O partido que tem mais debatido a situação, dado a repercussão que a matéria poderá causar caso receba aprovação, é o Partido dos Trabalhadores, que tem na presidência da Casa a vereadora Doralice de Almeida Amaral.
À boca miúda, há comentários de que a vereadora petista teria assumido compromisso com Alvarenga de fazer gestões entre seus colegas pela aprovação da prestação de contas do ano 2008, embora considere a existência de documento falsificado.
O PT de Nova Ipixuna já se manifestou totalmente contra a aprovação de uma prestação de conta marcada pela fraude.
E essa preocupação já foi levada à vereadora que, no entanto, teria manifestado desinteresse em seguir orientação do partido.
A questão deverá ser levada também à direção estadual do PT, que tem lutado nos últimos anos para reconstruir imagem de partido que sempre pautou suas ações baseadas na transparência e no combate à corrupção.
Devido a diversos casos de denúncias a nível nacional de que membros do PT se envolveram em pesados atos de irregularidades, muitos deles sendo levados à prisão, a legenda tenta se recompor e afastar-se ao máximo de escândalos, direcionando orientações às executivas municipais para atuarem também nesse sentido.
Quando se analisa uma questão com as nuances de fraude, como essa prestação de conta do ex-prefeito de Nova Ipixuna, é preocupante saber que alguns vereadores ainda não aprenderam a honrar com dignidade o voto conquistado nas urnas.
O que é pior: lixando-se para o que a população vai pensar de seus atos suspeitos.
O vereador representa cada cidadão na base do sistema político e tem o dever de fazê-lo bem.
Este é um pressuposto indissociável da atuação do político: além da competência, o respeito à ética.
Ser vereador também é ser político, é ter identidade partidária, coerência com os ideais propostos pelo seu grupamento político, e submeter seu mandato ao julgamento do eleitor em uma nova eleição para dar continuidade ao seu trabalho.
O dever ético do vereador junto ao seu eleitorado se deve, principalmente, ao fato de que o vereador como elemento da organização do estado está encarregado de lidar com o dinheiro pago pelo cidadão em forma de impostos que deve, por princípio, ser usado para o bem comum, com toda lisura.
Sabemos que cada cidadão, quando compra seu alimento no supermercado, contribui diretamente com o funcionamento do serviço público, ao pagar impostos sobre esses produtos.
Todos os meses têm parte de sua renda familiar recolhida pelo governo na forma de impostos diretos.
São milhões e milhões de pessoas que deixam de usar parte do seu dinheiro em benefício direto, para contribuir com impostos e taxas, as quais supõem serem usadas com probidade pelas pessoas que comandam, fiscalizam e trabalham no serviço público.
Em suma, o cidadão paga impostos que sustentam a máquina pública e cabe ao vereador fiscalizar sua utilização.
E quando se fala em fiscalizar, vem à tona o dever moral de honrar o voto aprovando – ou não – contas de ex-prefeitos, mas atuando realmente dentro de um contexto de transparência, e não camuflando suposta verdade para justificar um voto SIM a contas fraudadas.
Este ano, outra vez, a população de Nova Ipixuna vai às urnas para eleger seus representantes, na esperança de que eles possam gerir bem os recursos dos impostos, potencializar seu uso, de forma a proporcionar o desenvolvimento do município e melhores condições de vida à sociedade.
Colocar um vereador na Câmara Municipal pelo voto direto não o credencia a atuar à margem da lei, contrariando a vontade dos eleitores.
A sessão da Câmara Municipal de Nova Ipixuna que vai debater a conta de 2008 do ex-prefeito Edison Raimundo Alvarenga merece o máximo de atenção da população, porque nesse dia os parlamentares terão em mãos, extraído do conjunto de documentos que compõe a prestação de conta, um papelote com uma assinatura falsificada.
Expressamente falsificada, pelo menos é o que atesta exame do cartório de Registro de Imóveis e Notas de Marabá, para dar a tonalidade de que o ex-prefeito fez um governo respeitando a decência, a dignidade e a ética.
Todavia, a série de matérias publicadas nos últimos seis dias aqui no blog mostram o contrário.
A fraude consignada numa assinatura forjada é um crime de alta perversidade, que decididamente não pode ter o apoio de vereador que se julga apto a honrar os votos conquistados nas urnas.