Repórteres Flávia Barbosa e Gerson Camarotti, de O Globo, assinam hoje, o seguinte texto no jornal:
Nos últimos 15 dias, ele deu sinal verde aos fundos de pensão estatais sócios da mineradora e à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para publicamente cobrar e criticar a gestão da empresa.
A estratégia foi reforçada com a adesão cuidadosamente pensada do empresário Eike Batista.
Estimulado por Lula, o dono do grupo EBX deu entrevistas contundentes no fim de semana atacando as escolhas de Agnelli — que, ontem, viajou às pressas a Brasília para tentar uma audiência com Lula, que lhe foi negada.
O Palácio do Planalto alegou que a agenda do presidente da República estava lotada.
No núcleo do governo, a percepção é que Agnelli ficou muito preocupado com as investidas de Eike.
A avaliação reservada é que isto é positivo, pois, mesmo que não resulte na saída de Agnelli, pressiona o atual comando da Vale a retomar uma atuação mais afinada com os objetivos da União. Por isso, não existe articulação oficial ainda sobre nomes para substituir o executivo.
— O Roger Agnelli começou a correr atrás do prejuízo — resumiu um interlocutor do presidente Lula.
Desde o início do ano, quando a companhia foi fortemente afetada pela retração da economia mundial, Lula questionou — até mesmo publicamente — a estratégia da Vale para escapar da crise.
A demissão de cerca de quatro mil funcionários sem comunicação prévia ao governo, em fevereiro, foi a primeira fonte de descontentamento.
A segunda foi o pé no freio em investimentos domésticos de longo prazo, como o Pólo Siderúrgico de Marabá, avaliado em US$ 5 bilhões e que deixaria a empresa menos dependente da comercialização de matéria-prima. O projeto permitiria maior valor agregado à produção da Vale, ao entregar aço.
JOSÉ DE ALENCAR
14 de outubro de 2009 - 20:57Meu caro Hiroshi.
O Presidente da República, que é o representante legal da União, tem um trabuco poderoso para encarar essa parada. O nome em inglês pode dizer pouco: golden share.
Mas quando o dono desse trabuco decide fazer uso dele prá valer, é tiro de muitos megatons. Agnelli sabe disso. E como sabe.
É que desde a privatização esse trabuco nunca foi usado pela União, como devia sê-lo.
Agora é apostar que vai sê-lo e que disso resulte um novo rumo da prosa para o Estado do Pará.