Uma greve política.

Essa a avaliação de quem está no governo, de pais de alunos,  da maioria dos educadores, que não aderiram ao movimento  – e, principalmente, da população de Marabá.

A decepção maior com a não volta às aulas de alguns professores é porque,  ao longo do primeiro ano da gestão João Salame,  todos os compromissos assumidos pela prefeitura, com o Sintepp (e, por extensão, com a categoria) foram cumpridos.

Um rombo de R$ 47 milhões na área educacional herdado da gestão Maurino Magalhães,  foi sanado pelo governo, de janeiro a dezembro de 2013, quitando salários e décimo terceiro atrasados, vale-alimentação,  previdência (descontada na folha e não recolhida, pelo governo anterior), e outras mumunhas – como, por exemplo,  a própria contribuição sindical  que o servidor paga -, que chegou próximo a R$ 1 milhão.

Um rombo coberto que mostra  o quanto fizeram falta, os recurso usados para saná-lo,  no primeiro ano da administração, envolvida  numa operação de guerra para tirar o município da falência.

Pagou-se tudo o que estava atrasado, e o governo ficou sem margem de investimento, durante todo o ano.

O que causa mais irritação  na estrutura governamental é a forma como o Sintepp reagiu aos gestos de transparência da administração, que em nenhum momento escondeu números.

Ao contrário, escancarou os extratos bancários de todas as contas da prefeitura, nas seguidas reuniões mantidas com o sindicato, comprovando o que entra e sai dos cofres públicos.

Embora tenha recebido todas as informações contábeis –  o que se viu ao longo da semana em que anunciava o estado de greve -, o Sintepp espalhou pelas redes sociais, através de páginas fakes que a prefeitura estava “escondendo recursos” .

Tão logo a campanha de desinformação passou a tomar conta das redes sociais, João Salame e sua equipe não tinham mais dúvidas:  o Sintepp partira para o tudo ou nada, espalhando mentiras, insuflando desinformados e usando a estrutura sindical para consumar uma greve extemporânea.

“Nós sempre procuramos dialogar com a classe; o prefeito nunca negou um pedido de audiência ou o debate em torno de temas que envolvem a categoria. No mínimo, foi uma agressão ao tom civilizatório decretar uma greve sem discutir à exaustão o que está sendo apresentando como pauta”, aponta o secretário de Educação, Luiz Bressan.

Um dos itens da pauta de reivindicação do Sintepp é que “o plano de carreiras e remuneração da categoria, aprovado em 2011, não seja modificado”.

O sindicato não diz à população o que isso significa.

Na gestão de Maurino Magalhães, a Câmara Municipal, de forma irresponsável e sem nenhuma discussão ampla sobre os efeitos da medida nas contas públicas, aprovou item que elevou para até 150% , acréscimo ao valor do vencimento básico, gratificações para educadores que obtiverem,  durante o exercício profissional, cursos na área de formação ou educação.

As gratificações aprovadas no bojo do Plano de Carreira, atingem os seguinte picos:

Para quem fizer Pós Graduação, 25  % a mais sobre o salário base, de  gratificação por titulação.

Para quem fizer Mestrado,  100%

Para quem fizer Doutorado,  150%.

Atualmente, essa elevação não representa nenhuma ameaça a estabilidade econômico-financeira da Prefeitura, porque existem poucos Doutores e Mestrandos.

Mas a projeção, para os próximos anos, é de que a prefeitura quebre, levando em consideração as centenas de solicitações de especializações em curso.

Salame foi alertado para a bomba relógio e decidiu alterar a lei, mostrando aos vereadores a inviabilidade da mesma para o funcionamento da máquina pública, sugerindo a redução dos percentuais, para níveis tolerados.

Só para se ter ideia da maneira irresponsável como o Sintepp e o ex-prefeito trataram a causa pública, em nenhum estado da Federação , as gratificações por progressão passam de 50%, para Doutorado.

A média dos percentuais é de   15% (Pós-graduação em nível de especialização); 20% (Mestrado) e 25% (Doutorado).

Para o leitor tirar suas conclusões, veja a lei aprovado, como exemplo, no Maranhão, em 2012, acessando este link.

“Enquanto o município não se adequar à sua realidade, teremos que tomar medidas saneadoras impopulares. Mas eu fui eleito pra isso, para gestar os recursos públicos de acordo com a sua receita”, diz o prefeito, que tem repetido não estar se negando a reconhecer o direito de cada educador ter a gratificação por titulação.

“Nós tempos que fazer o que está ao nosso alcance, e a realidade das finanças públicas, atualmente, não permite loucuras como essa oficializada na gestão passada”, diz.

O Sintepp, em sua campanha grevista, tem acusado a prefeitura  de sucatear as escolas, publicando fotos de estabelecimentos com carteiras e estruturas físicas deficientes.

“Engraçado, é que o coordenador do Sintepp, numa reunião com auxiliares do prefeito, sustentou que se sentia feliz por ver o uso de 100% dos recursos do Fundeb para  pagar  exclusivamente salários, sem lembrar que a prefeitura ainda usa parte significativa de recursos próprios para completar a folha. E é exatamente isso o que está acontecendo: não sobra dinheiro para investimentos, e sem investimento, não há como manter as escolas em bom estado. Nós estamos conseguindo a construção de 17 Núcleos de Ensino Infantil, e mais a construção de algumas escolas, graças aos convênios federais”, desabafa Bressan.

“No caso do ex-prefeito, ele não pensou  no que viria depois da gestão dele. Importava apenas se dar bem com a classe de educadores, em seu mandato. Estamos fazendo  o contrário:  medida correta do ponto de vista administrativo que estou tomando (impopular diante de pequena camada dos educadores), surtirá efeitos benéficos ao município nos  próximos anos. Levo o peso da antipatia de alguns educadores, mas  mantenho o equilíbrio das contas públicas, para que eu possa, também, democratizar os ganhos, porque do total de 2.800 professores, temos cerca de 2.500 que precisam ter melhorias em suas conquistas –  não apenas uns 300”, explica João Salame.

Muitos professores têm revelado preocupação com a greve desencadeada.

“É nítida a impressão de que o Wendel (coordenador do Sintepp) quer usar esse movimento para se promover. Todos nós sabemos que ele é pré-candidato a deputado estadual, razão por ter lutado tanto para aprovar essa greve. Eu continuarei a trabalhar diariamente, porque sei que as  conquistas podem vir na hora certa”, conta, sob anonimato, professora, aborrecida com o rumo dos acontecimentos.  “Ninguém pode negar o esforço do prefeito atual para tentar sanar os graves problemas deixados pelo Maurino. Querer colocar agora a faca no pescoço dele é radicalizar e não querer bem a Marabá, e nem a Educação, que não terá melhorias dessa forma”, finaliza.

Em pronunciamento  na TV e Rádio,  João Salame  oferece números que mostram  a real situação do município e que o forçam a tomar decisões duras de contenção, para evitar o colapso das contas públicas.

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Atualização às 22:41

 

Wendel Bezerra, coordenador do Sintep, enviou nota dizendo que o sindicato não usou nenhuma página faker, nas redes sociais, para acusar a prefeitura de “esconder recursos”.

A nota do sindicalista:

 

Caro Hiroshi,
 
Com todo respeito que lhe asseguro, tenho por você e pelo seu espaço de informação, acredito que isso não lhe dar o direito de acusar o SINTEPP de coisas que você não sabe. Quero aqui registrar a minha indignação com a seguinte afirmação:
“Embora tenha recebido todas as informações contábeis –  o que se viu ao longo da semana em que anunciava o estado de greve -, o Sintepp espalhou pelas redes sociais, através de páginas fakes que a prefeitura estava “escondendo recursos” .
 
Podemos assegurar que estamos tentando com ajuda da polícia identificar os autores desses fakes e sugerimos ao governo que faça o mesmo. Se ficar comprovado que os fakes foram criados por esta entidade sindical ou por qualquer um de seus dirigentes, esperamos que os mesmo sejam punidos, pois nós não temos medo desse governo e jogamos limpo.
 
Neste sentido, solicito que reveja o seu posicionamento, pois considero sua afirmação uma calúnia contra uma instituição que há 30 anos enfrenta de frente qualquer governo.

Nota do blog:  registrado, Wendel. Fica entendido, então, que os fakes não tinham   pegadas do Sintepp.