O pouco do que resta da Reserva Padre Josino, paraíso ambiental encravado em um assentamento implantado na antiga Fazenda Bradesco, em Conceição do Araguaia, deve ser creditado a uns abnegados que lutam desesperadamente para salvar a reserva povoada de lagos maravilhosos. As denúncias de que a extração de pau-brasil, ainda existente na área, é o principal alvo de grileiros e empresários do ramo madeireiro, não são nenhum novidade na região. Este blogger mesmo, em 2005, realizou duas reportagens para o Diário do Pará repercutindo o problema.
Naquela ocasião, depois de três dias percorrendo a imensa reserva de 30 mil hectares, reproduzimos, inclusive, depoimentos de antigos agricultores ali domiciliados, testemunhos da guerrilha do MR-8, cuja trilha teve inicio a partir de Conceição até chegar em Xambioá, no Bico do Papagaio.
O Lago Três Bocas é um dos achados mais emocionantes da Reserva Padre Josino, infelizmente, dois anos depois, com fortes indícios de estar perdendo sua piscosidade.
O Lajeiro do Cadena é outro ponto lindo, com suas grutas e cavernas (foto) extraordinárias.
Pena que os órgãos exclusivamente criados para manter o equilíbrio e a integridade dessas áreas – Ibama e Sectam -, nada fazem para impedir a consecução de crimes contra a natureza.
Hiroshi Bogéa
24 de setembro de 2007 - 23:09Na atual situação em que se encontram raras reservas florestais, povoadas de lagos e espécies sobreviventes, mercê dos devoradores de matas e animais, o chamado ‘turismo ecológico’ não sei se seria a solução.
Para se impedir a destruição do ecossistema é necessário exatamente aquilo que mais falta: dinheiro. Esse dinheiro, se fosse arrecadado pelas prefeituras nas visitas de turistas, teriam sua aplicação honesta? Essa a outra bomba.
Pior é que nao temos tempo de avançar em mudança do caldo cultural, investindo na conscientização de jovens nas escolas, seus pais, etc.
Tem poucas reservas ainda de pé, Yudice. A saída é de emergência. Ou se faz rápido alguma coisa, ou seremos testemunhos , ainda nesta geração, da desertificação de nosso verde.
Do jeito que está, só um exército especialmente destinado a combater a barbárie de frente. O governo nao tem grana nem para pagar diárias de médicos no interior do estado, quanto mais formatar batalhôes.
Não tenho mais esperanças.
Yúdice Andrade
24 de setembro de 2007 - 12:23Caro Hiroshi, o turismo supostamente ecológico pode ser um desastre para o meio ambiente, mas diante de uma situação como a que você descreve, de grilagem e extração predatória de madeira rara, talvez fosse uma alternativa. Porque se o Município perceber que pode ganhar dinheiro com o turismo – o qual depende da existência dessas belezas naturais -, teria finalmente interesse em diligenciar fiscalização e punição. Além do que os próprios turistas poderiam contribuir denunciando os danos que encontrassem.
Em sua avaliação, seria uma boa idéia?