Muito se tem falado sobre uma eventual divisão do Estado do Pará. Planejam criar o Estado do Carajás e o do Tapajós. Há até mesmo um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional para criar o Território Federal do Marajó. Um fato precisa ser esclarecido. Se existe nessas regiões um profundo desejo separatista é porque os governos estaduais que se sucederam não tiveram competência para manter a unidade do Estado. É inegável o estado de total abandono que estas regiões foram relegadas ao longo da história. O Pará é um estado riquíssimo. Talvez o mais rico da Federação, no que tange seu subsolo e seu potencial energético. Agora, que proveito essa “riqueza” trouxe para a população do Estado? Se o povo que mora em Belém não aproveita essa riqueza, o que dizer dos paraenses do sul e do oeste do Estado?Os que são contrários à divisão do Estado não apresentam argumentos consistentes.
Visão operacional
Ao comentar o post “Preto no branco”, o servidor público Márcio Almeida faz
interessantes colocações a respeito da divisão territorial.
Na verdade, a maioria dessas pessoas reside na Capital e não conhece a realidade da vida no interior do Estado. Apenas negar a divisão por um “sentimento de perda” não é argumento. E o que é pior não apresenta soluções para resolver o problema dessas regiões que, repito, sempre foram abandonadas pelo poder central.É preciso analisar essa questão do ponto de vista operacional, como manda a boa técnica de gestão. É impossível administrar um Estado do tamanho do atual Pará de forma satisfatória. É muito território para pouca logística. Alem do mais, é também preciso ter em mente que vivemos na região mais rica do planeta, e que por falta de força política 90 % da população da Amazônia vive em estado de mais absoluta pobreza. Então, pergunto: para que manter essa unidade, se o povo não usufrui desses recursos naturais? Um estado de proporções territoriais menores é muito mais cômodo de se gerir.
Num estado grande demais, como o nosso, sempre haverá regiões se queixando da falta de atenção do governo do Estado. Outra coisa, que precisa ser esclarecida: o Pará atual tem força política suficiente para conseguir recursos perante o Governo Federal? A primeira vista, pelo fato da governadora Ana Julia pertencer ao mesmo partido do presidente da república, diria que sim. Mas, somente isso não basta. É preciso parlamentares em Brasília que briguem pelo Estado. E isto acontece ? É evidente que não. O Pará possui 17 deputados federais. São Paulo têm 77. Aí é covardia. Como essa bancada vai fazer frente aos interesses da bancada paulista, por exemplo? Portanto, a divisão territorial do Pará, em primeiro lugar representa força política para a Amazônia que ganhará mais deputados federais, senadores e mais dois governadores.
Outra questão interessante: um dos segredos pelos os quais os Estados Unidos se tornaram a nação mais poderosa da Terra, é justamente a perfeita divisão de seu território. São 50 estados divididos a régua. De médios para pequenos. Facilita a administração e permite que os recursos sejam melhores canalizados. Daí o desenvolvimento da nação. Pelo menos, esse exemplo poderíamos imitar dos norte-americanos. Detalhe: o território continental dos EUA, tirando Alasca e Havaí, é menor que do Brasil. Portanto, prefiro três “Parás” menores, mas desenvolvidos, do que um Pará imenso sendo administrado insatisfatoriamente, do ponto de vista logístico, e com o povo na miséria, como é atualmente.
No final, quem ganha é o Brasil.
Roberto C. Limeira de Castro
11 de agosto de 2007 - 00:47Caros Márcio e Hiroshi,
Sobre esse ponto dos quatro Parás melhor administrados escrevi um post no Blog Brasil Novo sob o título “Pará, Amazonas e Mato Grosso: Reordenamento Territorial ou eterna pobreza”.
Confira: http://obrasilnovo.blogspot.com/, primeira parte já publicada nos Blogs do Hiroshi Bogéa e do Val Mutran.
O fosso entre o Pará e o resto do Brasil é assustador.
Marcio Almeida
9 de agosto de 2007 - 12:35Caro Hiroshi, obrigado por ter publicado esse meu desabafo. Há dois anos seguidos que moro no interior, em Concordia/ Pará, nordeste do Estado, que também está abandonado, devido minha atividade profissional, e vejo como nós, que residimos no interior, nunca tivemos apoio de governo algum. Chega de promessas em época de eleição. Queremos ver ação! E a divisão do Estado é primordial para o desenvolvimento da Amazônia.
O legal, Hiroshi, é que o povo do Pará começou a entender isso. Fiquei feliz, hoje ao entrar no site da UFPA e ver uma enquete onde 92 % dos internautas aprova o plebiscito para a criação de Carajás e do Tapajós. Com certeza, chegaremos lá. Um forte abraço.
Anonymous
9 de agosto de 2007 - 04:33ei márcio não toca nessa questão de deputados de SP se não o projeto não passa esse item é dos mais sérios, sp deveria ter mais de 100 deputados se o critério republicano fosse adotado ( 1 voto = 1 cabeça) o que acontece é que com muito menos votos elegemos um deputado federal que representa muito menos gente de que os de SP esse critério ainda é do época da ditadura e não foi modificado – ninguém quer nele tocar – assim, é possível que a redivisão do país fique emperrada – esse um dos fatores – por SP
se dimunuir os nosso deputados eu não ficaria descontente juntando todos é possível que não dê um
de resto o poster está ótimo bem equilibrado