Bem antes da divulgação do resultado de uma auditoria realizada na folha dos servidores da Educação de Marabá, este blogueiro tem mantido posição crítica em relação aos salários pagos a um número considerável de professores e a capacidade financeira da Prefeitura de Marabá fazer frente às demandas do município como um todo.
Já em 2013, quando travou-se o primeiro confronto entre a secretaria de Educação e a postura corporativista do Sintepp, este blog fazia alerta quanto a incapacidade de a prefeitura suportar, sem estrangulamento do restante da estrutura administrativa, a realidade discrepante: os valores pagos e o que o município arrecada.
Em todos os momentos nos quais o blog se manifestou, jamais houve desrespeito a qualquer membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Pará ou a servidores da área educacional.
Até nomes de pessoas, o blogueiro evitou publicar exatamente para preservá-las, diante de um confronto inevitável.
Ademais, a função deste sítio é exatamente manter seus leitores e a população informados do que ocorre na cidade, respeitando os limites perigosos que diferenciam o criticismo hipócrita e a crítica saudável, colocada em pauta exatamente para provocar o contraditório, e ajudar a comunidade a entender, – sem mentiras – o que realmente se passa.
Diante da posição crítica do blog, alguns beneficiários da burla que fizeram numa sentença da juíza Kátia Parente, que considerou inconstitucional a progressão funcional vertical, sugerindo o pagamento de gratificações através de promoção, passaram a usar as redes sociais para atacá-lo, inclusive sustentando uma suposta posição contrária do blogueiro à valorização dos educadores.
Este espaço sempre esteve aliado às lutas dos educadores, daqui e do restante do país, só que é muita irresponsabilidade fantasiar situações cuja realidade demonstra o contrário.
O que todos buscamos é a melhoria em nossa qualidade de vida e ascensão profissional.
Uma pessoa que sempre pautou suas lutas na imprensa em defesa da inclusão social, não pode ser contra a valorização da profissão mais importante para a construção de uma país justo.
O ideal é que os professores de Marabá recebessem salários de primeiro mundo, mas a realidade econômica do município não permite.
RAIO-X
Vejam algumas situações encontradas pelo blogueiro, através de pesquisas realizadas – e no relatório da auditoria feita na Secretaria de Educação, pedida pelo próprio Sintepp.
O piso salarial para professores 200 horas na rede particular de Marabá, no ensino fundamental, é de R$ 1.880,00
Em Abaetetuba e Barcarena, o piso de professor de nível superior com 200 horas é R$ 2.189,84
Em Marabá , o piso de professor nível superior com 200 horas – R$ 2.878,44
Na UFPa e Unifesspa, o salário de Professor Especialista sem dedicação exclusiva – R$ 3.184,73
Salário de Professor mestre, com dedicação exclusiva – R$ 5.945,98
Salário de Professor doutor, com dedicação exclusiva – R$ 8.639,50
Lembre-se que os professores da rede municipal não possuem dedicação exclusiva.
Ou seja, vários deles dão aula no Estado ou na rede particular
Detalhe: considerando os salários dos professores sem que centenas deles não tenham ainda o mestrado ou doutorado, quando fizerem isso, com gratificações de 100% (mestres) e 150% (doutores), aí a folha estoura de vez
QUADRO DE PROFESSORES
A Secretaria de Educação possui atualmente 1,978 professores concursados, assim distribuídos:
Número de Professores | Faixa salarial | Total da remuneração | |
123 | 1.000,41 a 1.968,11 | 203.216,49 (reais) | |
264 | 2.002,67 a 2.998,35 | 668.610,99 | |
509 | 3.001,24 a 3.997,81 | 1.758.032,35 | |
410 | 4.001,03 a 4.998,40 | 1.832.483,58 | |
672 | 5.001,29 a 11.438,62 | 4.369.367,10 | |
Total de Professores: 1.978 | Total Mensal de Remuneração: R$ 8.831.710,51 | ||
Ou seja 672 professores (que ganham acima de 5 mil) recebem praticamente o mesmo volume de dinheiro que os 1.306 restantes.
Comparando as matrículas, um professor matrícula 022, recebe mensalmente 3 mil.
Já o professor Matrícula 010, ganha 7 mil.
Nas duas situações salariais, eles exercem a mesma função.
Para medir a temperatura desse babado, basta procurar à categoria se isso é justo.
Dá pra sair alguma isonomia dessa matemática?
MAIORES SALÁRIOS
Agora, a provocação.
Em que faixa salarial estão os líderes do movimento que lutam sangrentamente para o pagamento da progressão funcional vertical, que é inconstitucional e a Justiça vai mostrar isso brevemente?
Ganha presente de Papai Noel, atrasado, mas ganha, quem adivinhar.
Eles e elas estão no topo da pirâmide, e a grande maioria nem entra em salas de aula.
Ao contrário, passam distante delas.
Se a situação exigir novos posicionamentos, publicarei nomes completos e seus contracheques
Esses são os privilégios dos quais o blog tanto trata.
É justo que a esmagadora maioria dos professores tenha uma média salarial de cerca de R$ 2,5 mil, e a minoria receba média salarial de R$ 6,7 mil? Beneficiados por uma jogada de ex-secretários, com o apoio do gestor anterior?
A maioria dos quais sequer está nas salas de aula?
Não é justo.
Quem protestou contra isso? Quase ninguém!
É correto que ao se criar uma comissão na prefeitura para se avaliar qualquer coisa, o funcionário educador indicado para compor referidas comissões, que se reúnem no máximo uma vez por semana, receba 100% de gratificação em cima de seus salários?
Isso ocorria até bem pouco tempo, numa sangria dos cofres públicos que girava em torno de R$ 6 milhões em quatros anos de governo, dinheiro que daria para construir oito escolas.
Não, não é correto.
Quem protestou contra isso de forma veemente dentro do movimento sindical?
Ninguém!
Atualmente, o prefeito determinou o pagamento de apenas 30% sobre o salário para quem participa, da Educação, das tais comissões, contra a insatisfação dos “abençoados” privilegiados.
Se for para levar ao pé da letra os argumentos do Sintepp, a prefeitura de Marabá teria que usar 100% do orçamento do município para pagar bons salários.
E ainda não daria.
A CULPA É DOS COMISSIONADOS?
Discurso muito usado pelo Sintepp, é apontar o dedo para a “a folha inchada dos comissionados”.
O blogueiro mergulhou na análise desse quadro.
Em outubro passado, a Semed tinha 5.337 servidores, dos quais apenas 50 eram comissionados, incluindo o secretário e sua diretoria.
A folha de pagamento dos 14 maiores salários da Semed, corresponde a R$ 145.040,51
A folha de pagamento dos 50 comissionados corresponde a R$ 143.971,65
A prefeitura toda tem 586 comissionados, entre eles o prefeito, vice, secretários, diretores de hospitais, diretores de Postos de Saúde, diretores das demais secretarias.
Todos os 586 comissionados da Prefeitura recebem R$ 1.500.004,15
Os 586 professores mais bem pagos recebem R$ 3.778.641,14 fora o Vale Alimentação
Fala-se também muito na utilização de verbas do Fundeb
O Fundeb foi criado pra fortalecer a Educação, todos sabemos disso.
Ele exige que no mínimo 60% da receita do Fundo seja aplicada para pagar salários dos professores.
Os 40% restantes poderiam ser usados para reformar e construir escolas, fazer cursos de qualificação, etc.
Pois bem, em Marabá, 100% do Fundeb é usado para pagar salários.
E não é suficiente!
Todo mês a secretaria de Educação lança mão de recursos próprios da prefeitura pra completar a folha.
No frigir dos ovos , neste caso, podres, com folha altíssima, quem paga o pato?
A população!
Sim, porque diante do quadro narrado acima, falta dinheiro pra reformar e equipar escolas.
O blog tem acompanhado os esforços que a prefeitura faz pra reformar e construir escolas.
Parcerias com a Vale, com o Exército, emendas parlamentares, são algumas saídas encontradas, mas nem sempre se consegue isso.
A prefeitura é obrigada a repassar 25% de todos os impostos que arrecada para educação.
Até agora neste ano de 2015, o blog constatou nos dados contábeis consultados, a PMM repassou cerca de R$ 8,5 milhões a mais que os 25%.
Dinheiro retirado das demais secretarias, como Agricultura, Esportes, Cultura, etc.
A prefeitura fez o repasse a maior, diferentemente de todos os outros prefeitos que às vezes nem os 25% repassavam, por entender a importância da educação, mas o rombo não para de crescer.
Pra bancar essa folha mais alta do que os salários da universidade só aumentando o repasse pra 30% e paralisando diversos outros setores, tais como recuperação de estradas vicinais, pavimentação de ruas, investimento e outros.
QUALIDADE DO ENSINO
A qualidade do ensino marabaense é de quarto mundo, tanto que o Ideb do município é um dos piores do País, mas de 1993 para cá os salários melhoraram bastante em Marabá.
Em 1992 os professores ganhavam 30% do valor do salário-mínimo.
Hoje o salário médio passa dos R$ 2 mil, ou mais que 3 salários-mínimos.
A qualidade do ensino melhorou?
Não!
Portanto o simples aumento de salários não significa necessariamente melhoria na qualidade do ensino, ainda que seja um fator importante para dar mais tranquilidade aos educadores.
Essa é a realidade.
E contra números, não há discussão plausível.
Números reais, autênticos.
Portanto, temos que usar o bom senso.
Bom senso esse que o corporativismo às vezes passa longe.
No limite do que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal, combatendo o empreguismo e a destinação aleatória de cargos, é dever valorizar o servidor concursado.
Mas permitindo que sobre dinheiro para construir escolas, unidades de saúde, pavimentação de ruas, construção de quadras, praças e outros equipamentos públicos.
Para os 97% da sociedade que está fora da farra.
Ademais, é sempre bom lembrar que a Educação é essencial para criar mobilidade social e reduzir desigualdades, e não ser usada para cimentar privilégios sociais de poucos.
Carmelita Alves
7 de janeiro de 2016 - 06:50Sr. Hirosh, gosto muito de acompanhar as informacoes postadas no blog, sou quase fã sua, no entanto, os acontecimentos sobre os professores de Maraba, existem muitas coisas a serem esclarecidas. De modo grosseiro e radical são apresentadas as informações sobre nos. Professor nenhum neste município se iluminou ou fez uma portaria se promovendo, se progredindo ou como quer que seja chamado, mas estudaram e a lei que rege a educação brasileira LDB, foi quem nos deu essa progressão automática e os PCCRS do nosso município. Outro ponto, e que o sr. Coloca os salários com valores brutos. Diga ao povo que leem seu blog que nestes salários existem os descontos. 11% do IPASEMAR todo mês, 8% do Imposto de renda, 6% do vale transporte, 600, 00 de unimed, pois o município não tem um plano de saúde para o professor e sua fimilia e por aí vai. Pegue um salário de 5 mil reais e tire esses descontos e veja quanto um professor ganha. Veja quanto fica o salário astronômico de um professor em Maraba.
André
4 de janeiro de 2016 - 17:20Na verdade nem o blog, nem a sociedade, nem a adm pública e nem o sintepp tem conhecimento nenhum sobre educação em Marabá. Mas sim professores q nem eu e muitos outros colegas q se matam em salas de aula com mais de 45 alunos sem estrutura nenhuma nem água tem em muitas dessas escolas p professores e alunos beberem. Antes de vcs ficarem se engalfinhado nos meios de comunicação venham falar c quem entende de educação de verdade, nós professores q estamos todos os dias em sala de aula e q sabemos na pele o q é educação, enquanto vcs ficam c essa lengalenga passem um fim de semana c um professor e descubram q ao invés de ficar fazendo sociais c vcs nós muitas vezes estamos é doentes devido a semana de trabalho, ou façam melhor passem um mês trabalhando no lugar de um professor e ao final tentem viver c o salário fantasioso q vcs estão publicando. A temas e assuntos q muitas vezes por ñ conhecerem seria melhor vcs nem comentarem em seus blogs
Djalma Guerra
2 de janeiro de 2016 - 11:31Será que o prefeito vai consertar isto???
Joao Dias
31 de dezembro de 2015 - 15:01Leia-se: FAZER.
Joao Dias
31 de dezembro de 2015 - 15:00PROFESSOR BEM REMUNERADO TEM QUE FAZE A DIFERENÇA.
A escola fica em Cocal dos Alves, no Piauí – um dos municípios com o pior IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. O sucesso do colégio começou há 12 anos, quando um grupo de alunos foi incentivado pelo professor Antônio Amaral a participar da Olímpiada Brasileira de Matemática.
“Apostar na educação era uma coisa muito difícil, apostar na escola, então esse foi o nosso principal desafio”, lembrou o professor.
Dito isso, os professores têm que fazer a sua parte. Por ter mais condições econômicas, Marabá, que eu quero tanto, merece igual ou melhor colocação.
Joao
31 de dezembro de 2015 - 11:58Tem que cortar no salário dos iluminados e não nos professores que ganham menos. Esses iluminados são uma casta, que não trabalham e não estao em sala de aula. Estão lotados na formação, Conselho Municipal de educação, fundeb e etc…coordenação, direção e etc…
sergio
31 de dezembro de 2015 - 06:56Parabéns pela reportagem.Esse é o verdadeiro jornalismo isento de partidarismo. Necessário dar nome aos bois donos dos salários astronômicos.
Paulo Câmara
30 de dezembro de 2015 - 21:57Concordo Hiroshy. É preciso valorizar os professores, mas assim já é demais. Está fora da realidade da grande maioria dos trabalhadores brasileiros, que dirá de Marabá. E valorizar a educação não é só dar bons salários. Se não sobrar dinheiro pra melhorar as escolas e qualificar os professores não adianta nada. E a cidade também precisa de outros investimentos, nas ruas, zona rural, e na cultura. Tem que dividir direitinho o pão. Não pode ficar tudo pros salários dos funcionários. Parabéns pela matéria
Celso Santana
30 de dezembro de 2015 - 20:09Acho que o Blog seria mais imparcial se apresentasse a relação de professores “Iluminados” e seus respectivos vencimentos…
Por que eles têm de se manter às escondidas?
fagner
30 de dezembro de 2015 - 15:22hiroshi em janeiro vao continuar recebendo?